As aulas por aqui estão (finalmente!) a chegar ao fim. Assim, no último sábado, aconteceu a festa de final de ano do colégio dos mais novos. Estava um daqueles dias de 30ºC à sombra, mas ficámos para vê-los atuar como não podia deixar de ser! A maior parte dos números eram canções e dança à mistura. Tudo muito típico de Angola. Com muito sweg!
Quando estávamos já para sair fomos à sala da Carolina para ela despir o fato com que tinha atuado e a professora disse-me: "não se podem ir já embora pois ela pertence ao quadro de honra do colégio e vai ser chamada para receber um diploma e um presente". Eu sabia que o ano tinha corrido lindamente para ela e que a professora sempre a elogiou em todas as reuniões que tivemos, mas não pude deixar de ficar babadíssima com a notícia!
A Carolina é uma menina muito especial! Até agora, de todos os Britinhos, acho que é a mais sensível (embora muito independente) e uma verdadeira mamã para as mais novas. Quando o pai veio sozinho para Luanda era a que mais chorava com a sua ausência e agora, por cá, foi a que mais manifestou saudades dos amigos e da sua querida professora Júlia (embora só tenha estado com ela no 1º período). É uma mimaça comigo e com o pai! Claro que como está a crescer também tem alguns momentos de mau feitio e onde mostra uma personalidade forte!
Bom, voltando à festa, chegámos então à parte em que eu e o pai ficámos de lágrima ao canto do olho! Principalmente quando percebemos que de todos os alunos da 1ª classe (e são muitas turmas!) apenas dois tinham sido chamados para o quadro de honra. E uma delas era a nossa princesa! Acho que nos tinha dado jeito uns babetes...
Ela também estava super feliz com o presente e com o diploma e, também, com o facto de ser o centro das atenções quer nossas quer dos manos! Querem ver?
PS1: Quando o Bernardo entrou para a escola deu-me o "síndrome da professora", ou seja, eu sendo professora, só podia ter filhos que fossem os melhores alunos da turma. Errado!!! Muito errado!!! O que vale é que a realidade e a vida mostrou-me que cada filho é um filho e que não podemos ser todos génios e o mais importante é aceitarmos os miúdos como eles são. Com as suas capacidades e com as suas limitações. E depois tentar ensiná-los a tirar partido do melhor que têm dentro deles. Parece fácil, não? Mas é muito difícil! Pelo menos para mim...
PS2: Esta história do quadro de honra tem muito que se lhe diga e nem sempre é consensual. Mas a mim agrada-me a ideia! E digo-vos porquê: não basta ter excelentes notas para pertencer ao quadro de honra pois os alunos são avaliados em vários parâmetros como o comportamento, o relacionamento com os colegas, a assiduidade, entre outros. E, cá por casa há mais dois com boas notas, a Beatriz e o Martim (o engenheiro, como lhe chamamos!), mas ela não foi nomeada porque participa pouco nas aulas e ele porque conversa muito e o comportamento nem sempre é bom. Mas depois de verem a irmã ganhar o presente e o diploma ficaram com imensa vontade de no próximo ano melhorarem. E, para mim, esta é então a principal vantagem da história do quadro de honra!
PS3: A Beatriz sempre foi uma aluna média, embora tenha uma área onde sempre foi melhor: as artes. Assim que começou o ano acabou por tirar melhores notas do que as que tinha em Portugal e então a autoestima disparou! Resultado: começou a estudar sem ser preciso dizer nada e via-se que fazia com gosto e isso depois refletiu-se nos resultados que foi obtendo ao longo do ano. Passou de aluna média a uma das melhores da turma. E lá estamos nós a precisar de babetes... Tudo isto para concluir que o ambiente que nos rodeia pode transformar-nos para melhor ou pior e a autoestima comanda muita da nossa vivência.
PS4: Já agora falta falar do Bernardo e dizer-vos que com 3 anos a educadora me disse que era um miúdo com uma autoestima muito baixa. E eu fiquei doida, claro! E, apesar de termos sempre isso em atenção, e estarmos sempre com reforços positivos (tu consegues! tu és capaz!) não conseguimos mudar tudo e continua a ser um miúdo que precisa sempre da nossa ajuda para estudar. Quando viemos para cá talvez tenha sido o que teve mais dificuldade em se adaptar, embora tenha sido melhor do que estávamos à espera. Isto porque foi parar a uma turma complicada onde existe um salve-se quem puder e, por exemplo, a meio da aula pode-se trocar de lugares e onde o material escolar desaparece por obra e graça do Espírito Santo! Isto num colégio particular! Claro que agora já está integrado e de olho aberto!
Ainda não sabemos se vai passar o ano pois está com algumas dificuldades em 3 disciplinas e para a semana tem as provas finais com a matéria do ano inteiro e que valem 60% da nota final (o que eu acho terrível, mas enfim!), mas estamos a torcer por ele como sempre o fizemos!
PS5: Estas preocupações dizem respeito aos 4 mais velhos pois as mais novas (felizmente!) ainda não entraram no 1º ano, mas começo a perceber o ditado "quem tem filhos tem cadilhos!" e não devem ser poucos!!!
