sábado, 27 de julho de 2013

Nunca mais...


 
Nunca mais volto a dizer que os miúdos não estão doentes há algum tempo pois no dia seguinte ao último post, uma virose visitou os Britos... e poucos foram os que escaparam!
Eu a dizer que este tempo era ótimo e a pensar que o cacimbo nos passava ao lado. Sim, porque para nós 24 graus é tempo de Primavera, mas um casaquinho e umas calças ao final do dia e ao início da manhã não faz mal a ninguém. Mas estes miúdos parecem que nunca têm frio e ninguém se queixa de nada. Antes pelo contrário, têm tanta energia quanto calor!
Enfim, a virose começou pela seguinte ordem: Becas, Martim, Marta, Carlota, Francisca e Margarida e, por agora, parou aqui. Já só faltam o Rui, a Carolina e a Bia... espero que escapem!
Todos fomos picar para tirar a dúvida se alguém teria paludismo pois os síntomas são os mesmos. A todos deu negativo menos à princesa mais nova, ou seja, a Carlota apanhou paludismo. Mais uma vez: malditas mosquitas!
O que vale é que, como no caso da Margarida, as coisas correram lindamente e ela reagiu muito bem à medicação. No dia seguinte parecia outra! Sem febre e muito bem disposta!
A principal diferença que eu notei relativamente às viroses apanhadas em Portugal foi o tempo que esta demorou a passar. Em Portuga, a febre muitas vezes durava apenas 1 ou 2 dias (nos meus filhos eram muito comuns febres de apenas um dia!) e, por aqui, a febre instalou-se por 4 ou 5 dias. No caso do Martim durou 7 dias e eu quase (quase!) a ficar com o síndrome do "quero voltar para Portugal".
No final de todos estes dias sinto que estou cada vez mais calma relativamente a "miúdos doentes" e não fico tão stressada com este assunto. Também é verdade que conheci mais clínicas onde me sinto em casa e onde consigo confiar nos médicos.
Só falo em doenças... será que estou a ficar hipocondríaca ?!
 
Mudando de assunto... por aqui os amigos começam a fazer-nos inveja! Vão passar as férias a Portugal!
Este ano ainda não nos saiu o euromilhões (nem deve sair porque não jogamos!) e não podemos ir sentir o cheirinho do Algarve que todos os anos por esta altura sentíamos... mas não vale a pena estarmos a lamentar o facto, e o pai Rui pensou logo em férias em Benguela... e nós já estamos a pensar nelas!
Aqui o final do 2º período é a meio de Agosto e, assim que as aulas acabarem, pomos os moços na carrinha e aqui vamos nós... Britos em Benguela! Vamos conhecer novos locais, novas praias, ver baleias, vacas, porcos e afins e, acima de tudo, mudar de ares! Vai ser ótimo!
 
Hoje é dia dos avós, e eu que tive uma relação tão especial com a minha avó Maria, acho que os avós são das melhores instituições a preservar. E são grátis!!! 
Apesar de estarmos longe, todos os dias os meus filhos falam com os avós e sei as saudades que têm de estar com eles e dos mimos que recebiam. E sei também que estes avós também têm falta deste contacto, mas no final do ano vão ter 2 meses para matar saudades e para muitos abracinhos. 
Beijos a todos os que são avós por paixão e vocação! E eu conheço muitos...
 
 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Férias obrigatórias! Sempre!

 
Cheguei a Luanda à cerca de 5 meses, e contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que vesti um casaco ou uma camisola de manga comprida. E, quando o fiz, foi ao final da tarde... este clima é realmente fantástico!
A experiência ainda não é muita, mas com estas temperaturas acho que os miúdos crescem mais e melhor. As últimas ranhocas, por exemplo, deixámo-las em Portugal já lá vão uns tempos! Das cento e tal monodoses de soro que trouxe, apenas gastei algumas para os primeiros dias. Isto porque a Carlota vinha ranhosa de casa, mas em 10 dias estava ótima e, graças a Deus, continua! Não gosto muito de dizer que eles não estão doentes porque normalmente adoecem a seguir. Vamos lá ver se não acontece!!!
 
Tudo isto faz com que eu tenha a sensação de férias desde que cheguei... estou numa casa diferente, os miúdos andam quase sempre na rua (melhor, no quintal!), vou muitas vezes à praia, como muitos grelhados, e outras coisas que me fazem lembrar as férias que passávamos em família. E ainda por cima não estou a dar aulas e não tenho a obrigação de me levantar cedo! Quase que podia dizer o mesmo que a Francisca disse um dia: "Isto é que é vida!"
Quem é que não gostava de estar de férias 5 meses??
 
Claro que também gostava de ter outro tipo de férias! Daquelas em que não temos que fazer as camas, arrumar a casa e a roupa, fazer almoço e jantar, trocar fraldas, aturar birras, ajudar a fazer TPCs,... Deveria ser obrigatório por lei, e em qualquer país do mundo (mesmo os que estão em crise!), os pais irem de férias uma vez por ano sozinhos, sem filhos e sem obrigações, só para namorarem e descansarem e descansarem e namorarem!
E quem sabe para nascerem mais rebentos!!!
 
Mas também deveria ser obrigatório por lei, os pais irem de férias com os filhos e dedicarem-lhes as 24 horas do dia para tudo o que lhes apetecesse fazer! Praia, piscina, brincadeira, histórias, pic-nics, sestas, mimos, futeboladas, princesadas, filmes,  e tudo mais que não conseguimos fazer ao longo de um ano inteiro.
 
Acho que primeiro poderiam ser as férias com as crianças, seguidas das férias a dois! De outro modo ninguém aguenta!
 
Eu, no ano passado estive 18 dias só com o Rui e carregámos baterias por quase dois anos, mas andamos a arranjar maneira de repetir nem que seja por 4 ou 5 dias. Vamos ver!
 
 
 
 
 
Um dos locais mais lindos de Angola, as quedas de Kalandula, nas férias a dois em Agosto de 2012.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A saúde

Estou de volta!
Foram uns dias atribulados estes últimos... quem normalmente passava umas temporadas no hospital era eu. Sete filhos, sete temporadas! Mas desta vez foi o pai Rui que foi conhecer duas clínicas por aqui. Acho que prefere ficar em casa, na confusão dos Britinhos!
 
Tudo começou um dia à tarde com umas febres e umas manchas vermelhas pelo corpo e muita comichão. Ele achou que tinha comido alguma coisa estragada. À noite fomos a uma clínica perto de casa ver o que se passava.
Começa assim, a parte do "apetece-me voltar para Portugal". É difícil dizer-vos tudo o que me pareceu que não estava bem. O que me saltou mais à vista foi um senhor que tinha tido um acidente e que se queixava com imensas dores. Resolveram fazer-lhe um raio X, mas para tal tinha que subir ao 1º andar. Meteram-no numa "espécie de maca" e os amigos que estavam com ele (talvez uns 4 ou 5) transportaram-no pelas escadas pois no único elevador que existe cabem apenas 4 pessoas em pé e bem apertadinhas.
 
O Rui fez análises e acabou por ficar internado com uma intoxicação alimentar. A hipótese de paludismo foi posta de parte pois o teste deu negativo.
No dia seguinte, quando o fui visitar, já estava muito melhor das manchas e sem comichões, mas ainda tinha febre. E acabou por ficar mais 4 dias de molho. Queixas do serviço? Muitas! A médica disse que não podia comer nada e só podia beber água e sumos e trouxeram-lhe comida normal, a febre era medida com termómetros de mercúrio e quando lhes apetecia (no 2º dia só mediram à noite!), o aparelho de medir a tensão estava sem pilhas, o colchão era tão mau que ele estava cheio de dores nas costas, o ar condicionado estava tão forte que morreu de frio na 1ª noite, no dia em que saiu faltou a água e não tomou banho,...

E assim se passaram 4 dias na clínica... acabou por sair numa 3ª feira à tarde e cheio de vontade de começar uma dieta a sério! Entretanto na madrugada dessa noite fez febre novamente e lá fomos nós bem cedo para uma outra clínica. Claro que não voltámos à mesma pois ficámos com a sensação de que apenas queriam o nosso dinheiro e os cuidados deixaram muito a desejar... e mais tarde confirmámos esta hipótese... infelizmente!

Assim que entrámos na nova clínica pensámos "estamos em Portugal" pois esta sim, parecia um hospital português e dos mais novos. Eu sei que a aparência pode não querer dizer nada, mas ajuda muito! Como se costuma dizer "os olhos também comem".
Depois de ser visto na triagem (na 1ª clínica era inexistente) foi chamado por uma médica e esta mandou fazer novas análises. Tenho que vos dizer que ele teve alta da 1ª clínica mesmo sem fazer análises de controlo.
Quando chegaram os resultados, voltámos à médica que lhe disse que ele tinha malária embora o teste continuasse a dar negativo (percebi que eles têm outros parâmetros como as plaquetas e a função hepática que lhes dão a certeza que é malária). Pensei para mim que iríamos para casa fazer o tratamento pois já estava farta de estar sem marido... pensei mal! Mais 5 dias de internamento disse logo a médica e vamos ver como reage o organismo ao quinino. Vi a minha vida a andar para trás! Deve ter sido o meu lado egoísta a falar mais alto: eu novamente sozinha com os miúdos, num país que não é o meu, sem família por perto, com alguns amigos mas não tantos assim, com um trânsito horrível para chegar à clínica para o visitar,... e mais uns bichos de sete cabeças!!!

Bom, e lá passaram mais dias, embora desta vez noutras condições. Aquilo mais parecia hotel de cinco estrelas! Só faltava a bebida à beira da piscina!
A vida cá por casa continuou normal para os miúdos. Eu ía de manhã ver o Rui, voltava para os almoços e, à tarde, ía novamente visitá-lo. Ao fim da tarde estava de volta para quando chegassem da escola. Tive sempre a ajuda da Mimi, dos amigos e dos motoristas para transportarem os miúdos à escola. E eu a achar que era difícil... mas também não quero repetir!!!

O Rui veio para casa ainda com alguma medicação para fazer e, ainda não está a 100%, pois o fígado ainda está a restabelecer-se, mas rapidamente irá ao lugar com certeza. Continua a fazer dieta e vamos ver se consegue perder uns quilinhos! Mas eu gosto dele de qualquer modo... mais bolinha ou menos bolinha!!! 

Aqui fica a cama vazia para mais tarde recordar e não voltar a dormir nela.



Para terminar apenas dizer-vos que, embora Portugal esteja a passar por um mau bocado, as condições a nível de saúde são muito boas. Quando eu me queixava do atendimento de um ou outro hospital realmente precisava de ver outras realidades para dar valor ao que tinha por aí. Aqui considero que as coisas estão a melhorar significativamente, mas infelizmente apenas para alguns, pois os valores praticados por estes "hotéis de 5 estrelas" são muito altos e a população, em geral, não chega lá.