terça-feira, 4 de novembro de 2014

Novos emigrantes


Há uns dias, cruzei-me com duas mães portuguesas que estão a trabalhar em Luanda. Uma está cá há quase dois meses e outra apenas há uma semana. Até aqui nada de novo... tudo normal. Com o decorrer da conversa percebi então que começa a existir uma nova realidade no que diz respeito à emigração: as mães que vêm trabalhar para este país e deixam os filhos com os maridos em Portugal. Ou seja, o inverso do que nos aconteceu a nós, Britos. 
O que nos une, no entanto, é o mesmo: a procura de uma vida melhor, mais desafogada e um futuro mais sorridente para os nossos filhos!
O tempo record que tive sem ver os meus filhos foram 18 dias. Foi em Agosto de 2012 quando vim conhecer Angola de modo a decidir se podíamos todos juntar-nos ao R. E digo-vos que foi bom, mas ao mesmo tempo estranho e com muitas saudades pelo meio. Por isso aqui fica a minha admiração por estas mães que vêm em primeiro lugar e que, de certeza, morrem de saudades, e sonham com o dia em que o marido e os filhos se juntam a elas neste país distante. E fica aqui também a minha admiração por estes pais que ficam em Portugal e vão levar e buscar os filhos à escola, fazem o jantar durante a semana e todas as refeições ao fim-de-semana, contam histórias e dão beijos de boa noite e acima de tudo, tentam minimizar as saudades e a falta que as mães fazem aos filhos (e olhem que são muitas!).



Deixo-vos aqui umas fotos de um Dia do Pai em que o pai não estava pois já estava a trabalhar em Angola. A C e a F fizeram os presentes e deixaram uma mensagem para o pai. Eu fotografei e enviei-lhe as fotos de modo e encurtar distancia e saudades... parte difícil esta!







É curioso perceber como os miúdos lidam com as saudades... e estas frases escritas no mesmo dia mostram isso. Para a C parece que o pai ainda morava em casa e estava lá todos os dias... para a F as saudades talvez estivessem mais presentes. 
Os miúdos são todos diferentes e o modo de verem as coisas também. Há que respeitá-los! Aconteceu várias vezes os mais velhos não quererem falar com o pai no skype (ou dizerem apenas olá) e as mais novas ficarem horas a fazer caretas e palhaçadas para ele ver. 
Da minha experiência acho que o mais importante é explicar-lhes tudo e não esconder nada. Mesmo aos mais novos que achamos que não percebem nada e aos mais velhos que achamos que percebem tudo. É importante também analisar comportamentos e ver se algo diferente se passa. Falar nas escolas com educadoras e professoras e explicar a situação. Eu pedi para ao mínimo sinal de alerta (comportamento alterado, baixa no aproveitamento escolar,...) me avisarem. Sempre correu tudo bem e senti sempre apoio da parte das escolas.
Novos tempos, novas realidades... mas parece que algo se repete. Há umas décadas atrás muitos homens também emigraram e deixaram as mulheres e os filhos e só mais tarde se juntavam todos. Nós, emigrantes de agora, temos que aproveitar o que de melhor a tecnologia nos dá. Telemóveis, skype, facebook, viagens low-coast (estas por aqui ainda não existem!). Já pensaram se fosse só por carta?

De resto, a vida continua... e todos temos uma capacidade de adaptação fora de série! Principalmente as crianças... e nos momentos em que estavamos todos juntos era como se fosse Natal e dia de festa todos os dias! 

Sem comentários:

Enviar um comentário