sexta-feira, 8 de março de 2013

Sustos em Angola



O que eu mais temia quando vim para cá aconteceu 15 dias depois.
Numa noite de sábado para domingo a Margarida acordou cheia de febre. Quando eu digo cheia, não é bem cheia. Tinha 38 graus e pouco mais. Não chegava aos 38,5 graus, mas parecia que ía estrelar um ovo. Aqui o calor é muito e então a febre parece maior.
Lembrei-me logo da minha amiga Rita que me disse "vais ter vontade de voltar para Portugal assim que tiveres o primeiro filho doente". Tentei acalmar-me. Não sei se consegui!
Amanheceu e a febre, mesmo com o xarope, não passou por completo. Começou a diarreia... e eu já super nervosa...
 
Filhos doentes deixam-me doente! E eu já tenho uma vasta experiência de hospitais... infelizmente!
Começou com o Martim que esteve uma semana internado em Santa Maria com uma bronquiolite. Saímos do hospital, esteve uma semana em casa e decidimos ir para o algarve pois o tempo lá estaria melhor. No dia seguinte, ficou mais cinco dias internado no Hospital do Barlavento Algarvio. De seguida, a Carolina com 3 semanas de vida, ficou cerca de 15 dias internada com uma pneumonia em S. Francisco. Este internamento foi o mais complicado pois ela esteve nos cuidados intensivos ligada ao ventilador. Nem me quero lembrar... A Francisca nasceu em Agosto e resolveu passar a noite de Natal no Hospital da Luz e o dia de Natal e o seguinte em S. Francisco. A Margarida, também não quis ser diferente, e passou 10 dias em S. Francisco com uma bronquiolite complicada.
Digam lá se não tenho um curriculo vasto em internamentos e hospitais?! Se somarem a isto os meus internamentos para ter bébé... quase que tenho o primeiro ano de enfermagem ou medicina!!!
A Carlota safou-se de um internamento pois em Angola acabaram as ranhocas e as bronquiolites (vamos ver se não aparecem outras coisas...)
 
 
Em África existe uma doença que para nós europeus só o nome assusta: Malária ou Paludismo. Eu só de pensar ficava desorientada.
Quando saí de Portugal vim apetrechada com um medicamento que previne a malária e que se toma uma vez por semana. Todos tomam, até a Carlota! Tenho doses para 6 meses.
O que me avisaram foi que os sintomas do paludismo são idênticos aos de uma gripe e que existe um teste (teste da gota espessa - pica-se o dedo e coloca-se o sangue numa lamela que vai para análise) que se faz que acusa se a pessoa estiver infetada. O teste deve ser feito o mais rápido possível e não se deve deixar esperar alguns dias, caso contrário pode ser tarde demais.
Assim, aqui não podemos fazer como em Portugal que quando as crianças têm febre devemos esperar 2 ou 3 dias antes de ir ao hospital. Aqui devemos ir logo.
 
Voltemos à Mimicas. Durante a manhã e até cerca das16 horas a febre não passou e as fraldas foram muitas...
Apesar do meu curriculo, como estou num país diferente, é como se fosse uma completa inexperiente. Isso assustava-me um bocadinho... O Rui, embora já estando por cá há 2 anos, graças a Deus, também nunca tinha precisado de ir a uma clinica.
Eu não estava descansada com a situação e cerca das 16:30h fui com a Margarida e com duas amigas (Rita e Susana) a uma clinica. O Rui ficou em casa com os outros, mas preocupado q.b. Poderia ser alguma virose tão habitual nestas idades. Tinhamos que tirar a dúvida!
 
Fui atendida por uma pediátra cubana que observou a Margarida e pediu umas análises. Assim, não fez o teste da gota espessa. Tirou sangue, e  caso não fosse paludismo poderíamos logo saber o que era.
Meia hora depois chegaram os resultados. Afinal era mesmo paludismo.
Não sei se me apeteceu voltar para Portugal...
 
Bom, a médica receitou várias coisas para a diarreia e um xarope para o paludismo. Comprei tudo na farmácia da clinica e quando cheguei a casa dei-lhe logo o xarope.
 
Tenho que vos dizer que no dia seguinte, depois de duas tomas do xarope, ela parecia outra! A febre passou completamente e, embora ainda tivesse muitas fraldas para trocar, a Mimicas estava como se não fosse nada... reguila como ela sabe ser!!!
 
Acho que o meu curriculo por aqui vai aumentar, mas eu também estou mais calma pois paludismo, em Angola, é o "pão nosso de cada dia".
 
Quanto à terrível Margarida está óptima e recomenda-se!!!
Querem ver?
 
 
 
 
 

5 comentários:

  1. Que susto, realmente! Ainda bem que a Margarida já está boa. Eu não a conheço, mas agora posso dizer que é mesmo linda!
    Votos de tudo a correr bem, somando novas experiências a cada dia.
    P.S. - Acho que com a facilidade de equivalências que agora existe, a Marta já pode passar logo à fase de mestrado em enfermagem (se é que existe)!

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    1. Foi um susto, mas felizmente já passou!
      Fica mais uma para acrescentar ao currículo!
      Bjs!

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  2. Olá.
    Conheci o seu blog depois de uma pesquisa sobre angola.
    Tenho amigos a viver em Malange com 2 filhos pequenos e as condições de vida são más.
    As doenças e a falta de assistência médica faz-me muita confusão. Não teria coragem de levar a minha filha para um sítio com condições assim.
    Tudo a correr bem.

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    1. Olá!
      É verdade que aqui em Angola as condições não são as melhores, mas o mais importante, neste momento, é a família estar toda junta! E esta aventura de vivermos em África já ninguém nos tira... e com certeza, tanto eu e o meu marido como os miúdos, podemos ver o mundo com outros olhos! E isso faz-nos crescer como seres humanos...
      Coisas menos boas vão sempre existir, temos é que saber dar a volta por cima! Se fosse tudo facilidades a vida não tinha graça!
      Bjs!

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  3. Parabéns Marta vc é um exemplo para todas nós Mães que vivemos em Angola em especial em Luanda,meu filho teve Paludismo os 9 meses e depois mais inúmeras vezes e hj encaro isso como algo bem mais simples do que uma gripe pois até uma gripe deixa meu filho muito mais caidinho do que o Paludismo,ninguem quer que seu filho fique doente mas por vezes eu prefiro que sela Paludismo do que qualquer outra coisa pois me parece que ao menos nessa doença eles os medicos são especialistas.Coragem e Parabéns

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